HELP-MD O poder emocional e curativo da música e da dança
Coordenação
Salwa Castelo-Branco (co-IP)
Financiamento
Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)
Referência
Projeto nº 029641, submetido no âmbito do Aviso de concurso nº 02/SAICT/2017
Prazo de Execução
Outubro de 2018 a 2021
Instituições envolvidas (em colaboração ou parceria)
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (NOVA-FCSH)
Faculdade de Motricidade Humana (FMH)
NESC TEC - Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência
Equipa
Filippo Bonini Baraldi | Salwa Castelo-Branco | Gonçalo Antunes de Oliveira | Floriana Asperti | Giordano Calvi | Matthew Davies | Livia Jimenez Sedano | Daniel Tércio | Francesco Valente | Paula Viana
Resumo
Podemos explicar o poder da música e da dança em prevenir ou mesmo curar doenças? Nas sociedades ocidentais, esta pergunta intriga os cientistas cognitivos, que estudam como a música afecta faculdades humanas básicas como a memória, as emoções, o movimento corporal em pessoas atingidas por diferentes doenças (Alzheimer, autismo, etc.). Os etnomusicólogos, que se concentram na diversidade cultural das expressões artísticas, podem contribuirpara este campo de estudos emergente descrevendo como a relação entre música, dança e saúde é concebida em outros contextos culturais e performativos. Se a literatura científica apresenta uma grande variedade destas descrições, nenhum esforço foi feito até agora para comparar os dados através das culturas e géneros musicais, ede associar os estudos de terreno (qualitativos) com experiências de laboratório (quantitativas). Através da criação de uma equipa pluridisciplinar de investigadores trabalhando nas áreas da etnomusicologia, antropologia da dança,análise do movimento e computação musical, este projeto tem como finalidade colmatar esta lacuna.
O primeiro objetivo é esboçar uma teoria antropológica do poder emocional e curativo da música. Comparando dados etnográficos provenientes de varias regiões do mundo, tentaremos responder à seguinte pergunta: podemosencontrar, em diferentes contextos musicais e culturais, semelhanças na maneira como a música é utilizada para
fins de cura? A nossa hipótese é que se a música é frequentemente associada a práticas curativas, tal é devido ao seu potencial em estimular as emoções, seja através de associações simbólicas ou através de significados estéticos atribuídos às estruturas sonoras.
O primeiro objetivo é esboçar uma teoria antropológica do poder emocional e curativo da música. Comparando dados etnográficos provenientes de varias regiões do mundo, tentaremos responder à seguinte pergunta: podemosencontrar, em diferentes contextos musicais e culturais, semelhanças na maneira como a música é utilizada para
fins de cura? A nossa hipótese é que se a música é frequentemente associada a práticas curativas, tal é devido ao seu potencial em estimular as emoções, seja através de associações simbólicas ou através de significados estéticos atribuídos às estruturas sonoras.
O segundo objetivo é desenvolver um quadro metodológico inovador para estudar a relação entre música, emoções e saúde num caso específico, o do Maracatu de baque solto, uma performance que ocorre durante a época do Carnaval no interior do estado de Pernambuco (Brasil). A precedente pesquisa de campo conduzida pelo IR deu origem à hipótese seguinte: para prevenir ataques físicos e espirituais que podem resultar em doenças ou mesmo morte, os músicos e dançarinos de Maracatu actuam para alcançar um elevado nível de coesão coletiva, localmente definida de "consonância", uma característica humana e estética valorizada e oposta à de "desmantelo" (fractura).
Enquanto que a pesquisa de campo no Brasil irá explorar os significados simbólicos, religiosos e emocionais do Maracatu, experiências de laboratório em Lisboa serão realizadas para perceber, a um nível mais formal, como a "consonância" é obtida através da música e da dança. Mais precisamente, por meio de técnicas de "Motion Capture" e de gravações áudio "Multi-track", o nosso objectivo é de analisar: (1) as micro- variações rítmicas relacionadas com qualidades expressivas como o "groove"; (2) os movimentos dos dançarinos e as suas relações com os padrões musicais; e (3) as complexas coreografias coletivas, envolvendo até duzentas pessoas.