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Frederico Bezerra, investigador do INET-md em doutoramento na NOVA FCSH, acaba de publicar o artigo "Vigilância, repressão e temáticas negras nas escolas de samba cariocas durante a ditadura militar", na Revista Brasileira de Ciências Sociais, disponível em acesso aberto.
 
 
Resumo:
 
opinião pública e parte da comunidade acadêmica consolidaram a posição de que, durante o período da ditadura militar de 1964, as escolas de samba do Rio de Janeiro funcionaram como braço ideológico do regime, reproduzindo um adesismo que teria contaminado majoritariamente seus enredos. Buscando compreender o seu real impacto naquele período, realizamos um levantamento das temáticas abordadas pelas escolas do grupo principal do carnaval carioca entre os anos de 1968 e 1984. Para tanto, nos concentramos em cinco campos temáticos: temática racial, predominantemente negra, tangencialmente negra, predominantemente indígena e adesista. Analisando o contexto histórico à luz de teorias da resistência (Gilroy, 1993; Johansson e Lalander, 2012; Vinthagen e Johansson, 2013; Scott, 2013), aliadas aos estudos de Cavalcanti (1994, 1999) e Tureta e Araújo (2013), o que verificamos, em realidade, foi que o teor adesista se demonstrou muito menos influente do que se imaginava. As escolas de samba desenvolveram predominantemente um conjunto de enredos que abordaram, quer de forma parcial quer dominante, um universo abrangente de temáticas negras como forma de driblar a censura e reafirmar a importância cultural afro-brasileira que orienta esta prática desde as primeiras horas.