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Capítulo | Portuguese Patronage in Rome and the Economics of Magnificence: La Virtù negl’amori by Alessandro Scarlatti at the Teatro Capranica (1721)
Cristina Fernandes, investigadora integrada do INET-md e coordenadora do seu grupo de investigação dedicado aos Estudos Históricos e Culturais em Música, é autora de um dos capítulos de Noble Magnificence: Culture of the Performing Arts in Rome 1644-1740 (Brepols, 2024), livro co-editado por Anne-Madeleine Goulet e Michela Berti.
O livro está disponível em acesso aberto e resulta de uma pesquisa multidisciplinar realizada no âmbito do projeto PerformArt, financiado pelo European Research Council (Grant agreement nr. 681415, PI: Anne-Madeleine Goulet). Em outubro de 2019, a equipa deste projeto reuniu com alguns investigadores convidados na Universidade NOVA de Lisboa e no Palácio Fronteira, para um encontro final de apresentação e discussão de resultados, que serviu de preparação ao presente volume.
O capítulo de Cristina Fernandes, intitulado "Portuguese Patronage in Rome and the Economics of Magnificence: La Virtù negl’amori by Alessandro Scarlatti at the Teatro Capranica (1721)", insere-se na secção "The Economy of Magnificience", que combina a musicologia com a história económica e cultural. Tal como as grandes famílias romanas utilizavam as artes performativas para manter ou aumentar o seu prestígio e afirmar o seu poder, os diplomatas que representavam as monarquias católicas europeias na cidade papal adotavam procedimentos semelhantes, incorrendo em gastos exorbitantes como forma de legitimação e competição entre si.
O estudo de caso apresentado por Cristina Fernandes analisa o avultado investimento feito, neste contexto, pela diplomacia portuguesa em 1721, nas celebrações da tomada de posse de Michaelangelo Conti, de então em diante Papa Inocêncio XIII.
Inicialmente composta por Alessandro Scarlatti como uma cantata de câmara, La Virtù negl'amori foi nesta ocasião transformada num espectáculo operático a apresentar no sumptuoso Teatro Capranica. A apressada e desafiante mudança de formato de La Virtù negl'amori permite entrever os motivos de D. João V e seus representantes, e torna especialmente pertinente a documentação inédita à guarda da Biblioteca da Ajuda, em Lisboa, que a autora convoca para analisar as despesas com artistas, cenografia, figurinos e outros elementos de produção e divulgação do espetáculo.
Resumo (apenas em inglês):
The election in 1721 of Michelangelo Conti, former apostolic nuncio in Lisbon, as Pope Innocent XIII was seen by King John V as an opportunity to elevate the prestige of the Portuguese monarchy in Rome. Thus, to celebrate the solenne possesso of the new Pope, the ambassador of Portugal, Andre de Melo e Castro, decided to transform the pastoral La virtù negl’amori, by Alessandro Scarlatti – initially commissioned as a chamber cantata – into an operatic spectacle at the Teatro Capranica featuring Francesco Bibiena’s scenography, stage machinery, lavish costumes and ballets. This decision involved higher costs according to the magnificence of the occasion and the usages of Rome. Unpublished sources from the Biblioteca da Ajuda in Lisbon bring to light most of the expenses with artists and artisans, goods and services. This essay analyses these data within the context of Roman society to investigate the economics of magnificence in the field of the performing arts and the spending models adopted by aristocrats and diplomats in the Eternal City in the early eighteenth century.