Nota Biográfica
Beatriz Nunes nasceu em 1988 e reside em Lisboa. Fez a sua formação na Escola de Música do Conservatório Nacional em Canto, tendo continuado estudos superiores em jazz na Escola Superior de Música de Lisboa. Obteve na mesma instituição o mestrado em Ensino de Música com a dissertação “O impacto do género na aprendizagem de improvisação jazz: estudo sobre confiança e ansiedade em três escolas do ensino intermédio”. Em 2021 inicia o seu doutoramento em Ciências Musicais na FCSH-UNL com o projecto de investigação “Construções de género no ensino do jazz em Portugal” financiado através de Bolsa de Investigação para Doutoramento da FCT. Beatriz Nunes publicou o artigo “O impacto do género na aprendizagem de improvisação jazz: estudo sobre confiança e ansiedade em três escolas do ensino intermédio” em EJazzITE do CESEM-IPL. Aguarda a publicação em Novembro de 2021 do artigo desenvolvido em co-autoria com José Dias (Coventry University) “Festa do Jazz: a case study on gender (im)balance in Portuguese jazz” pela Jazz Research Journal, ed. Sarah Raine. Tem ainda um capítulo a ser publicado em Routledge Companion of Jazz and Gender, eds. James Reddan e Monika Herzig, com o título “Victims no more: how women and non-binary musicians are collaborating for gender justice in jazz” em Março de 2022. É autora do capítulo no livro Women and Jazz, eds. José Dias e Christa Bruckner-Haring, com o título “Female role models in jazz education: a case study in Lisbon’s jazz program” a ser editado pela Oxford University Press em 2022. Tem também experiência no ensino do jazz nas escolas do Hot Clube de Portugal, Escola de Jazz do Barreiro, ETIC, Orquestra Geração e Universidade de Évora. Beatriz Nunes é cantora e compositora, tendo assumido o papel de vocalista do grupo Madredeus em 2011, com quem gravou os alguns “Essência” (2012) e “Capricho Sentimental” (2015). Gravou em nome próprio os discos “Canto Primeiro” (Uguru, 2018) com o seu quarteto e “À Espera do Futuro” (Nischo, 2021) com o trio com Paula Sousa e André Rosinha. Fez várias colaborações com músicos do jazz nacional, como Afonso Pais, The Rite of Trio, Pedro Melo Alves e participou em projectos de música erudita como o Ensemble MPMP, Sintra Estúdio de Ópera ou Coro Gulbenkian.
Projecto de Doutoramento
Título
Construções de género no ensino do jazz em Portugal
Resumo
A presente proposta tem como objetivo estudar as construções de género de alunas/os de jazz e a sua relação com as práticas musicais. Pretende-se realizar um estudo etnográfico com as/os alunas/os de uma turma do curso profissional de instrumentista jazz em uma escola profissional de música. Não se tratando de um estudo sobre pedagogia ou sobre a escola enquanto instituição, esta investigação pretende observar a escola de música como um lugar onde o género é negociado e construído simbolicamente através de discursos e ações, sendo influenciado e influenciando as práticas musicais do jazz. Este estudo tem por objetivo aprofundar o projeto de investigação “O impacto do género na aprendizagem de improvisação jazz” realizado no mestrado em Ensino de Música. Vários estudos apontam para o facto de o jazz ser ainda um meio dominantemente masculino nas suas práticas, referências e discursos (Tucker, 2002, 2005; L. Wehr, 2016; Dunkel, 2014, McKeage, 2004; Annfelt, 2003) onde a participação de alunas continua a ser significativamente reduzida, circunscrevendo-se tendencialmente à prática vocal (L. Wehr, 2015, McKeage, 2004). Atendendo à importância das relações sociais na performance de música jazz e improvisada (Pinheiro, 2012; Berliner, 1994) urge compreender de que forma estereótipos de género e construções de feminilidade e masculinidade regulam as relações, as práticas, a participação e as oportunidades de desenvolvimento de performance jazz de alunas/os. O trabalho de campo realizado no âmbito desta investigação irá contemplar a observação participante de contextos letivos e de convívio informal entre alunas/os, analisando as construções discursivas e performativas em torno do género. Será desenvolvida uma grelha de observação por forma a identificar e analisar discursos e ações através dos quais os alunos fazem género (Pereira, 2012), tanto no âmbito da performance musical, como de outras atividades lectivas e não lectivas. Serão também realizadas entrevistas a alunas/os sobre a sua relação com a aprendizagem do jazz através dos seguintes parâmetros: percepções sobre género e a performance musical do jazz; percepções sobre género e a interação entre colegas; experiências e percepções de violência de género no contexto académico; género e modelos de identificação no jazz; género e motivações para a aprendizagem do jazz; género e hábitos de prática e audição musical; género e expectativas académicas e profissionais.
Palavras-chave: Jazz, Género, Ensino, Etnografia
Financiamento: Fundação para a Ciência e a Tecnologia (2021.05786.BD)