WE NATURE – Musicar na natureza com instrumentos eletroacústicos verdes
Equipa
Filipe Lopes Investigador Responsável
Prazo de execução
01/01/2023 a 31/07/2024
Financiamento
UIDB/00472/2020
O que significa tocar e experienciar música na natureza? Experienciar música na natureza informa e influencia as pessoas a reimaginar como vivem? Para responder a essas questões, este projeto propõe avaliar o significado artístico e social da criação de uma orquestra instrumental eletroacústica “verde”, no futuro, juntamente com repertório específico, para tocar música com e na natureza. Para atingir este objetivo, iremos desenvolver dois instrumentos eletroacústicos especialmente concebidos para a realização de concertos na natureza que serão testados no contexto de dois concertos públicos para, por sua vez, avaliar a experiência musical do público. Apesar das mudanças climáticas óbvias e continuamente confirmadas (e.g. enchentes, secas),afetando inúmeras pessoas no nosso planeta, pode-se dizer que o conhecimento público não produziu uma mudança de mentalidade social. O pressuposto desta pesquisa é que tocar e experienciar música na natureza tem o poder de fortalecer nossa relação coletiva com a natureza, portanto, “music can provide a sounding model for the renewal of human consciousness and culture” (Herzogenrath, 2012). Para abordar este problema, definiram-se três procedimentos relacionados: primeiro, a construção de dois instrumentos eletroacústicos sustentáveis, autónomos e de tamanho médio; segundo, a composição de músicas específicas para serem executadas na natureza e tocadas pelos instrumentos eletroacústicos; terceiro, para validar a pesquisa, adotaremos métodos das Artes, da Computação e das Ciências Sociais. Em relação ao primeiro procedimento, serão estudados tópicos sobre computação física, sustentabilidade, portabilidade e sensores que podem “sentir” o ambiente circundante (e.g. som, temperatura, luz). Irão ser criados dois instrumentos eletroacústicos: um instrumento replicável, tanto tecnológica quanto economicamente, fácil de tocar (i.e simples relação causa-efeito), portanto, acessível ao leigo interessado. Este instrumento será utilizado em workshops em escolas durante o projeto; Um segundo instrumento, complexo de tocar, concebido para músicos experientes, apresentando uma curva de aprendizagem acentuada. Por complexo entende-se o mapeamento ao nível de software de inúmeros sensores e atuadores que irão oferecer uma gama ampla de possibilidades de “conversar” com o ambiente circundante e uma gama ampla de gestos físicos para produzir uma gama ampla de sons. No segundo procedimento, será estudada a composição musical como espaço, focando particularmente a relação poética e estrutural entre música, natureza e instrumentos eletroacústicos (Lopes&Rodrigues, 2021; Lopes&Guedes,2020). Para esse efeito, iremos pedir a dois compositores que criem composições para espaços específicos na natureza (i.e. locais com pouco ruído visual e sonoro) que, posteriormente, serão tocadas por dois músicos utilizando os instrumentos eletroacústicos. A nossa intenção é criar música que ressoe com a natureza e, portanto, desenvolver uma abordagem composicional que permita integrar numa performance em tempo real as especificidades de um ambiente natural, porque “the more the environment as material informs the sound processing, the more the two will blend into each other” (Ripatti&Bovermann, 2017). Para o terceiro procedimento, iremos aplicar métodos de pesquisa para documentar minuciosamente os processos criativos e recolher dados do público sobre a experiência de estar num concerto de música na natureza. Iremos analisar a relação artística entre música e natureza, bem como o impacto desta experiência no público. A nossa equipa é composta por investigadores, compositores e músicos que estão ativos e consistentemente relacionados com investigação artística e performance musical mediada por computador (Lopes&Rodrigues, 2021; Penha, 2019; Bernardes, 2020; Dias,R., 2018;Ferreira&Lopes, 2022), ou seja, familiarizada com os requisitos das tarefas de investigação. A equipa também contará com dois alunos de mestrado: um estudando novas interfaces para expressão musical e outro estudando cinema documental. A nossa produção inclui novos instrumentos de expressão musical, artigos em revistas, recursos online, orientações de mestrado, criações artísticas, palestras públicas, eventos académicos, workshops para escolas e um filme documentário. Pretendemos contribuir com uma discussão aprofundada sobre o papel da arte em questões contemporâneas, a relação entre Arte e Ciência, bem como o que entendemos por Antropoceno. Ao conceber um instrumento musical que possa “ver, ouvir e conversar” com a natureza, seremos capazes de demonstrar a viabilidade e o significado de criar uma orquestra instrumental eletroacústica “verde” para tocar música com e na natureza.
Palavras-chave
Novos Interfaces para a Expressão Musical; Composição e performance musical; Música e Natureza