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Seminário GIEHCM | Salvaguarda, organização e divulgação do património musical
O Vale do Paraíba concentra uma documentação musical rica ligada às práticas musicais dos centros urbanos, nos séculos XVIII, XIX e XX. São José dos Campos, situada no Vale e conhecida pelo seu passado sanatorial, tem a peculiaridade de ter atraído representantes de diversas expressões musicais que por aqui passaram, ou se instalaram, ao longo do século XX, e que atuaram em música sacra, música de banda de sopros, música de câmara, Choro, música para cine orquestra, música para os pianeiros, música de orquestra de cordas, entre outros. Inúmeros músicos deixaram na cidade uma volumosa documentação musical relacionada tanto às suas próprias trajetórias, quanto às práticas artístico-musicais de outras regiões do país. É nesse contexto que se situam arquivos como o do José Antônio da Cunha (1932), e o do maestro Benjamin Silva Araújo (1902 – 1985). Em comum trazem a diversidade de documentação, e a dificuldade de sua destinação e preservação, uma vez que raramente há projetos (tanto na esfera municipal, quanto na estadual e federal), que acolhem e preservam documentações musicais. Esta comunicação apresenta o histórico das iniciativas, coordenadas por Raquel Aranha, e os desafios enfrentados desde 2017 para a implementação de ações de salvaguarda de patrimônio musical em São José dos Campos junto às instituições culturais da cidade, público e privadas, e os desdobramentos conquistados até o momento, com o desenvolvimento do projeto do Centro de Documentação Musical numa nova ação conjunta com a AFAC (Associação para o Fomento da Arte e Cultura) / Parque Vicentina Aranha. Em espaço recém restaurado no parque, o Pavilhão Marina Crespi, o arquivo será visitado pelo público através de exposições temporárias, e serão continuadas as ações de triagem e higienização que fazem parte do processamento técnico do arquivo, projeto apresentado para o pós-doutoramento da autora, sob supervisão de Paulo Castagna (Instituto de Artes da Unesp - São Paulo).
O património histórico musical português à guarda das instituições da memória portuguesas é um testemunho material da criação e práticas musicais nacionais ao longo dos tempos. A sua preservação, conhecimento e estudo é imprescindível para a construção de uma identidade cultural. Qualquer musicólogo, historiador ou intérprete, interessado no estudo, contextualização e valorização de repertórios passados, necessita de aceder a fontes musicais. Infelizmente, em Portugal, a maior parte deste património é ignorado pelo próprio organismo detentor, em muitos casos não se encontra disponibilizado e nem sequer está tratado, pelo que é desconhecida a sua existência, até do público especializado, como intérpretes e musicólogos. Identificar, localizar e descrever este património histórico musical, permitindo o seu conhecimento, é um passo essencial para o desenvolvimento da investigação musicológica e a criação de novos repertórios para os intérpretes atuais. Esta apresentação tem por objetivo o estabelecimento de uma metodologia para o mapeamento do património musical português existente em instituições de memória nacionais, como bibliotecas, arquivos, museus, igrejas, arquivos de salas de música, etc., onde um levantamento completo, visando o seu conhecimento e salvaguarda, nunca foi realizado.