Nota Biográfica
Doutorada em Música - variante Etnomusicologia, Ana Margarida Cardoso iniciou os seus estudos musicais nas Bandas de Seia e Gouveia. Depois de ingressar no Conservatório de Música de Seia, decidiu optar pelo ensino profissional, tendo concluído o curso de Instrumentista de Sopro e Percussão, na Escola Profissional da Serra da Estrela (EPSE), com aquele que viria a ser o livro "O Oboísta e a Palheta Dupla". Seguiu-se a licenciatura em Ciências Musicais na FCSH, Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH) e o Mestrado em Ensino de História da Música, na Universidade de Aveiro (UA). Lecionou na EPSE (Seia), no Conservatório Regional de Coimbra, no Colégio de São Teotónio (Coimbra) e atualmente na Escola de Artes do Alentejo Litoral. Pertenceu às equipas de investigação dos projectos I&D “A nossa música, o nosso mundo: bandas filarmónicas, associações musicais e comunidades locais (1880-2018)” (PTDC/CPC-MMU/5720/2014) e “Ser músico em Portugal: a condição sócio-profissional dos músicos em Lisboa (1750-1985)” (PTDC/ART-PER/32624/2017), ambos financiados pela FCT. Organizou vários eventos académicos, como por exemplo o Post-ip - Post-in-progress (2017-2022) e não-académicos, de que é exemplo o Festival de Piano da Serra da Estrela, cuja direção artística integra desde a primeia edição (2019). Com vários anos de experiência associativa, é Vice-Presidente da Associação Patrimónios da Estrela e Presidente da Assembleia-Geral da Associação Nós é Mais Bichos.
Projeto de Doutoramento
Título
"A regulação da atividade musical e a construção de um estatuto dos músicos: o caso do Quinteto de Sopros da Emissora Nacional"
Orientação
Resumo
Com esta tese pretendo estudar a regulação e codificação de um "estatuto" social e profissional do músico durante o Estado Novo, tendo como objeto de estudo o Quinteto de Sopros da Emissora Nacional. A escolha deste quinteto como objeto de estudo prende-se com o facto de ter sido um conjunto de cinco músicos provenientes de práticas musicais locais, nomeadamente performances em bandas filarmónicas e militares, que se emancipou profissionalmente no meio musical lisboeta. Neste contexto circulou por várias das instituições que contribuíam para a regulação do seu estatuto, o Conservatório Nacional, a Emissora Nacional, o Sindicato Nacional dos Músicos, entre outros. Os músicos que constituíram maioritariamente o quinteto foram: o flautista Luis Boulton (1908 – ?), o oboísta José dos Santos Pinto (1915-2014), o clarinetista Carlos Saraiva (?-?), o fagotista Ângelo Pestana (1925-2004) e o trompista Adácio Pestana (1925-2004). A este núcleo fundador juntaram-se por vezes outros elementos, como por exemplo, o fagotista João Mateus (1915-1982) ou o flautista Carlos Franco (1927-2011), no entanto, neste estudo irei centrar-me nos elementos fundadores. O Quinteto de Sopros da Emissora Nacional manteve-se em atividade aproximadamente entre 1940 e 1980. Todavia, o recorte deste estudo estende-se ao período entre as comemorações do triplo centenário da independência de Portugal, 1940, e 1975, ano seguinte à instauração da democracia em Portugal, datas que tiveram significado na formação do grupo e no percurso dos músicos. A década de quarenta do séc. XX foi o momento em que os músicos do quinteto de sopros da Emissora Nacional passaram a residir em Lisboa, sendo que o quinteto foi constituído por iniciativa de Ivo Cruz, quando este era diretor do Conservatório Nacional e quando os músicos em questão eram alunos da mesma instituição (Cruz 1985). 1975 é o ano em que ocorrem um conjunto de alterações no percurso dos músicos, provocadas pela transformação da Orquestra Filarmónica de Lisboa em Orquestra do Teatro Nacional de São Carlos. A partir desta data, e segundo a pesquisa preliminar que já realizei, o quinteto apenas se apresenta esporadicamente em concerto.