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O projeto EXIMUS - "'É preciso avisar toda a gente': Música e exílio em França durante o regime do Estado Novo (1933-1974)" promoveu três atividades no Festival des Langues da Universidade Paris 8 Saint-Denis, que decorreu de 11 a 13 de março deste ano. 
 
Sob proposta de Cristina Clímaco, professora na universidade anfitriã, que também integra a equipa do projeto, a investigadora Agnès Pellerin animou, no primeiro dia, uma oficina de escuta participativa sob o mote «La chanson, une arme? Les musiques des exilés portugais à Paris dans les années 1960-70». No dia seguinte, Manuel Deniz Silva proferiu uma conferência intitulada «Parcours d’un musicien en exil: Fernando Lopes Graça». Por fim, foi projetado o filme "Lá em baixo", de Ana Isabel Freitas, com debate e presença da realizadora.
 


As três atividades propostas neste quadro reuniram estudantes da Universidade (principalmente do departamento de Línguas) mas também pessoas ligadas à vida associativa portuguesa em França. A oficina de escuta propôs um "mergulho sonoro" na diversidade de dez canções criadas no exílio, guiado por alguns elementos de contextualização. Os participantes mostraram-se especialmente interessados pelo "impacto" destas canções e pela sua circulação, incluindo no pós-25 de Abril.
 
A conferência sobre Fernando Lopes Graça permitiu sublinhar a "dupla perspectiva" da figura do exilado no contexto dos anos 30, que, de certa forma, faz eco da atualidade. Através de documentos que testemunham a experiência do compositor em Paris, como excertos de cartas, foi possível destacar a riqueza da experiência do exílio dele e ponderar o "fracasso", sobretudo económico, do ballet La Fièvre du temps.
 
O debate que seguiu a sessão de projeção de Lá em baixo (2020), filme que trata da permanência da prática folclórica em associações portuguesas da região de Paris, incluindo entre as novas gerações, permitiu à realizadora apresentar a metodologia do filme, cujos intervenientes foram escolhidos pelos responsáveis dos grupos recreativos envolvidos. As entrevistas, tal como o trabalho original de montagem dos "bastidores" das festas, destacam o papel do núcleo familiar e a busca de "autenticidade", questionando a relação com a história da prática sob o Estado Novo. O filme também destacou desafios específicos, como a transmissão da prática de instrumentos de cordas.

 

 
Estes eventos contaram com financiamento parcial por fundos nacionais através da FCT  – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto EXIMUS (2022.05129.PTDC).