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No mês de março teve início o projeto Resonating Mwenje: Documenting the timbila making process and the techniques of the masters from Zavala, Mozambique. Este projeto é coordenado por Gianira Ferrara, investigadora do INET-md em doutoramento na NOVA FCSH, com uma tese sobre a prática performativa das timbila, e obteve o apoio do departamento de África, Oceânia e Américas do British Museum, com financiamento da fundação Arcadia, ao abrigo do EMKP - The Endangered Material Knowledge Programme, que visa preservar as culturas materiais consideradas em risco.
 
De acordo com os objetivos do EMKP, o projeto Resonating Mwenje resulta de uma abordagem colaborativa que visa documentar em detalhe o processo de construção da mbila (pl. Timbila), um xilofone presente no sul de Moçambique, nomeadamente no distrito de Zavala, que é construído a partir de materiais presentes no ecossistema local. O mwenje, a árvore da qual é extraída a madeira para produzir as lâminas do xilofone, é uma espécie botânica em vias de extinção, pelo que se considera que a existência do próprio instrumento musical está em risco. As timbila permitem, por isso, observar uma ligação dinâmica entre processos culturais, performance e ambiente, e a sua construção requere competências e saberes específicos que poucos artesãos hoje detêm.
 
A equipa envolvida no projeto irá produzir uma documentação audiovisual sobre a cultura material e o sistema de conhecimento em volta das timbila, inclusive a prática performativa chamada n’godo, tendo como principais colaboradores quatro mestres timbileiros e os seus grupos.
 
O projeto nasce como resposta a uma solicitação que os membros da equipa têm recebido ao longo dos seus trabalhos em Moçambique: preservar a memória da tradição de timbila e sobretudo tornar acessível aos seus detentores os dados e os materiais recolhidos no campo.
 
Tal acervo será então depositado junto de algumas instituições locais, facilmente alcançáveis no distrito de Zavala, em Moçambique, e no British Museum, sendo consultável em acesso aberto.
 
 
Além de Gianira Ferrara, que já desenvolveu trabalho de campo em Moçambique ao longo de dois anos, a equipa do projeto integra ainda a antropóloga brasileira Sara Morais, doutorada pela Universidade de Brasília e funcionária do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e o investigador moçambicano Venâncio Mande Júnior, formado em gestão cultural (ISARC) e em etnomusicologia (MA, Rhodes University). Venâncio Mbande Júnior é filho de Venâncio Mbande (1932-2015), um dos mais conhecidos tocadores de timbila em Moçambique e internacionalmente. O ensemble de timbila formado pelos seus familiares está entre os mais ativos na atualidade.