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SEMINÁRIO PERMANENTE EM ESTUDOS HISTÓRICOS E CULTURAIS EM MÚSICA
 
O Seminário Permanente do grupo de investigação Estudos Históricos e Culturais em Música do INET-md pretende ser um fórum onde todos os seus membros (integrados e colaboradores), bem como outros investigadores e investigadoras do meio académico, cultural e artístico, possam apresentar o seu trabalho e discutir projectos e investigações em curso.
 
 
23-05-2024 | 18:00 | NOVA FCSH, Colégio Almada Negreiros (Campolide) | Sala 209
 
Acesso livre, presencial e online:
 
Sala Zoom
ID da reunião: 980 9814 8761
Senha: 490140
 
 
 

Música e exílio: o caso do bailado La fièvre du temps (1938) de Fernando Lopes-Graça

 

Manuel Deniz Silva | INET-md / NOVA-FCSH

 
Em Maio de 1937, fugindo à repressão política do Estado Novo, Fernando Lopes-Graça instalou-se em Paris, cidade onde se manteve até à eclosão da 2ª Guerra Mundial. Na capital francesa, Lopes-Graça participou na formação de uma efémera e cosmopolita Compagnie des ballets internationaux, que reuniu um conjunto de artistas de diversas nacionalidades então exilados em Paris. A história desta companhia está ainda largamente por fazer, mas os seus principais impulsionadores terão sido Jean Weinfeld (1905-1992), artista nascido em Varsóvia numa família judaica e figura importante do teatro “agit-prop” francês do início da década de 1930, e a bailarina alemã Julia Marcus (1906-2002), que estudou com Rudolph von Laban e Mary Wigman, antes de ser expulsa do Ballet do Teatro Municipal de Berlim em 1933, por ser judia e militante do Partido Comunista Alemão. A Compagnie des ballets internationaux, que contou com um subsídio da “Maison de la Culture”, rede de instituições culturais impulsionada pela Associação de Escritores e Artistas Revolucionários, montou um único espectáculo, a «revista-bailado» La fièvre du temps, apresentado no dia 28 de Maio de 1938, no Teatro Pigalle, num ensaio geral aberto ao público e à crítica parisienses. Nos anos seguintes, Lopes-Graça viria a disseminar várias secções da música que escreveu para este bailado noutras obras sua, nomeadamente História Trágico-Marítima (1943), Promessa (1944), Nove danças breves (1948), Cinco estelas funerárias (para companheiros mortos) (1948) e Paris 1937 (1968). Neste seminário, procuraremos explorar o impacto da experiência do exílio na criação da Compagnie des ballets internationaux, assim como apresentar um estudo preliminar dos diferentes materiais da música para dois pianos que Lopes-Graça escreveu para o bailado e que se encontram conservados no seu espólio, depositado no Museu da Música Portuguesa – Casa Verdades de Faria.
 
 

 
Manuel Deniz Silva | Professor auxiliar no Departamento de Ciências Musicais da NOVA FCSH e Presidente do Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança (INET-md). Doutorou-se em 2005 na Universidade de Paris 8 (St. Denis), com a tese “‘La musique a besoin d’une dictature’: musique et politique dans les premières années de l’État Nouveau Portugais (1926-1945)”. No INET-md, foi coordenador do grupo de investigação “Estudos Culturais em Música Erudita Ocidental” e da linha temática “Música e Média”. Participou em diversos projectos financiados pela FCT, tendo sido investigador responsável, entre 2010 e 2013, do projecto “À escuta das imagens em movimento: novas metodologias interdisciplinares para o estudo do som e da música no cinema e nos media em Portugal”. Actualmente, é investigador responsável do projecto “‘É preciso avisar toda a gente’: Música e exílio em França durante o regime do Estado Novo (1933-1974)”, desenvolvido no INET-md da NOVA FCSH. Entre outras publicações, é co-autor de Fernando Lopes-Graça (1906-1994): Uma fotobiografia (com António de Sousa, CMC, 2018) e co-editor de Composing for the State: Music in 20th-Century Dictatorships (com Esteban Buch e Igor Contreras, Ashgate, 2016) e Indústrias de Música e Arquivos Sonoros em Portugal no Século XX: práticas, contextos, patrimónios (com Maria do Rosário Pestana, CMC, 2014). Foi vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Investigação em Música (2010-2013) e co-editor geral da Revista Portuguesa de Musicologia (2014-2021).