"Isto não seria o mesmo sem as Escolas Profissionais de Música": Trinta anos de ensino profissional de música em Portugal
Jorge Alexandre Costa (PI)
Equipa
Jorge Alexandre Costa | Graça Mota | Graça Boal-Palheiros | João Reis | José Oliveira Martins | Luísa Pais-Vieira | Paulo Perfeito | Rosa Barros
Referência
UIDB/00472/2020
Período
01.09.2022-31.12.2023
Resumo
Em 1989, com a publicação do Decreto-Lei nº 26 de 21 de janeiro de 1989, foi criado o ensino profissional como uma experiência original e sem precedência quer a nível de Portugal quer da Europa. Esta legislação revelou-se particularmente importante para o ensino especializado da música o qual, durante a ditadura e de acordo com o discurso vigente, era de cariz eminentemente elitista e de acesso muito restrito.
Passados trinta anos de Escolas Profissionais de Música (EPrM) em Portugal, as realizações e resultados apresentados por este sistema de ensino rapidamente revelam que algo de novo e diferente aconteceu mudando o panorama elitista e deficiente da educação musical em Portugal.
Este projeto tem como objetivo o estudo sistemático e comparativo das escolas de ensino profissional de música (EPrM), com particular incidência nas três primeiras EPrM – a Escola Profissional e Artística do Vale do Ave (ARTAVE), em Santo Tirso, a Escola Profissional de Música de Espinho (EPME), em Espinho, e a Escola Profissional de Música de Viana do Castelo (EPMVC), em Viana do Castelo – com os Conservatórios de Música Públicos (CMPu), desde 1989 até 2019.
Do ponto de vista metodológico, foi identificado um conjunto de questões de investigação as quais se agrupam dentro de duas linhas principais de investigação: 1 - o mapeamento da história das EPrM, com especial incidência nas três mencionadas, e dos CMPu, designadamente do Conservatório de Música do Porto e Conservatório de Música de Braga durante este mesmo período, e 2 - o mapeamento dos resultados com o objetivo de encontrar evidências que sugiram que estas escolas foram capazes de produzir mudanças significativas no panorama musical, educacional e social português quando comparadas com as evidências obtidas pelo ensino tradicional dos conservatórios de música (emergência de músicos solistas, orquestra, música de câmara, escolas, práticas pedagógicas, professores, audiências locais e mudanças culturais e sociais).
A abordagem destas questões será feita de acordo com uma metodologia multi-métodos (Cresswell & Clark, 2007) concretizada através de um estudo multicasos (Sloboda, 2018). Em relação aos antigos e atuais estudantes, tanto da EPrM como do CMPu, o projeto prevê a concretização de trinta retratos sociológicos, uma metodologia criada pelo sociólogo francês Bernard Lahire (2002, 2003 e 2010). Assim, espera-se desvendar uma realidade tão complexa quanto profundamente significativa e que parece ter sido fundamental para o desenvolvimento em Portugal da educação em música com uma incidência particular na música instrumental.