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SEMINÁRIO PERMANENTE DE ESTUDOS HISTÓRICOS E CULTURAIS EM MÚSICA
 
O Seminário Permanente do grupo de investigação Estudos Históricos e Culturais em Música do INET-md pretende ser um fórum onde todos os seus membros (integrados e colaboradores), bem como outros investigadores e investigadoras do meio académico, cultural e artístico, possam apresentar o seu trabalho e discutir projectos e investigações em curso.
 
28-10-2024 | 17h00 |  NOVA FCSH, Colégio Almada Negreiros (Campolide) | Sala 219 | Sala Zoom
 
Acesso livre, presencial e online:
 
Sala Zoom
ID da reunião: 916 8180 4933
Senha: 018862
 
 
 
Edições modernas de música portuguesa dos séculos XVII e XVIII: História, metodologias e problemáticas
 
 
As edições de música portuguesa para órgão do século XVII
 
Célia Sousa Tavares | INET-md/NOVA FCSH
 

Ao longo dos últimos 90 anos a edição moderna de música portuguesa seiscentista para órgão tornou-se parte integrante do movimento da música antiga e teve grandes repercussões no conceito de património e sua valorização. A evolução das edições deste repertório revelam uma preocupação crescente com as fontes documentais contribuindo para o seu estudo, catalogação, digitalização e difusão do património musical antigo português. Observa-se uma reciprocidade na alteração de critérios e valores entre a edição de partituras, o movimento da música antiga e a “interpretação historicamente informada”. Entre as primeiras edições na década de 1930 e as mais recentes, há uma variedade de critérios e conceitos associados à actividade editorial. A paleografia e a codicologia tornaram-se parte integrante do trabalho editorial, predominando a edição crítica sobre a edição prática e questionando a relação entre autoridade do compositor e autoridade do editor. A implementação da Musicologia no contexto académico português, o desenvolvimento do ensino do órgão, o crescimento da actividade concertística e o restauro de órgãos históricos, colocou a edição de música portuguesa seicentista para órgão no domínio da especialização do musicólogo-intérprete ou intérprete-musicólogo. Nesta comunicação, analisaremos a evolução das edições deste repertório desde 1935 até às mais recentes edições, contemplando vários aspectos como a identificação das editoras e dos editores, o contexto editorial e a tipologia das edições. A música para órgão sempre teve um lugar de destaque na actividade editorial portuguesa, pelo que será apresentado um estudo de caso: a Obra ou Consonâncias de 1º Tom da autoria de Pedro de Araújo.

Célia Sousa Tavares | Organista e doutoranda em Ciências Musicais Históricas na NOVA FCSH. As suas principais áreas de interesse são a Música Antiga e os Estudos de Interpretação, com particular destaque para o património organístico ibérico. Licenciou-se em Órgão na Escola Superior de Música de Lisboa (2008) e concluiu o Mestrado em Música, especialização em Órgão, na Universidade de Évora (2010). Estudou na Hochschule für Künste Bremen na Alemanha (2010- 2012) com Harald Vogel, Hans Davidsson e Edoardo Bellotti, na vertente de Interpretação Histórica, especialização em Órgão, tendo sido simultaneamente bolseira pela Universidade de Évora. Foi aluna convidada em 2011 na Eastman School of Music nos Estados Unidos. Concluiu o Mestrado em Ensino da Música na Escola Superior de Música de Lisboa (2017). A par da atividade docente, tem-se apresentado em recitais a solo, com orquestra e com agrupamentos vocais e instrumentais em Portugal, Itália, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Foi convidada pelo Instituto Camões e pelo Consulado-Geral de Portugal em Manchester para realizar um recital de órgão na Catedral desta cidade, no âmbito das celebrações do dia 10 de Junho de 2018. Entre 2016 e 2018 foi convidada a realizar recitais comentados com o objectivo de valorizar o património organístico do concelho de Mafra. Foi diretora artística do Ciclo In'Musica (2019), realizado no Palácio de Mafra. Sob a alçada do Turismo do Patriarcado de Lisboa/Signinum, foi organista no projeto Lunchtime Recitals (2017-2020) na Igreja da Conceição Velha (Lisboa), na qual realizou recitais comentados sobre o repertório organístico português e europeu. Colabora com a Orquestra Sinfónica Portuguesa no Teatro Nacional de São Carlos.

 

 

 

 

Princípios e metodologias para a elaboração de edições críticas: Discussão e análise da edição da Missa Piquena de Marcos Portugal

João Alexandre Dias | INET-md/NOVA FCSH

A prática editorial de repertório sacro setecentista presente em território português é de grande interesse para a comunidade musicológica e para os músicos. Com esta comunicação pretende-se chamar a atenção para os procedimentos metodológicos a ter em conta na elaboração de edições críticas de repertório sacro setecentista. Como introdução, serão apresentadas e discutidas algumas das principais orientações que constam da literatura internacional (de autores como Carlos Alberto Figueiredo, James Grier, George Feder e Maria Caraci Vela), seguindo-se a análise de um estudo de caso, constituído pela edição crítica da Missa Piquena (MarP 01.15, V1) de Marcos Portugal. Esta obra possui 25 espécimes e quatro versões, distribuídas por vários arquivos dispersos pelo território português. Até à elaboração do presente estudo, toda a informação existente sobre a Missa Piquena estava patente no catálogo temático da obra religiosa de Marcos Portugal, da autoria de António Jorge Marques (2012): composição de origem e data incertas, contabilizando três versões, duas delas com instrumentação alargada. Pesquisas posteriores, que abrangeram o levantamento de todos os espécimes conhecidos da obra e a sua análise comparativa permitiram determinar o ano provável da composição, a instituição para a qual foi possivelmente produzida, a datação e registo da sua cronologia, os vários intervenientes na elaboração dos espécimes e, ainda, a existência de uma quarta versão. Ao longo da investigação em torno das fontes manuscritas e elaboração da edição crítica desta obra surgiram vários problemas e questões editoriais que são transversais a este repertório. Assim, no âmbito desta comunicação pretende-se expor e discutir algumas destas decisões junto da comunidade académica e dos intérpretes que se dedicam a este tipo de repertórios.

João Alexandre Dias | Nascido em 1998, concluiu o 8.º Grau em Piano Clássico e Jazz pela Trinity College London (2019), licenciou-se em Ciências Musicais na NOVA FCSH (2020), e obteve o Mestrado em Musicologia Histórica na mesma instituição (2022). No âmbito da sua dissertação, realizou uma edição crítica da «Missa Piquena» (MarP. 01.15, V.1) de Marcos Portugal. Actualmente, é doutorando em em Ciências Musicais Hisóricas na NOVA FCSH. A sua pesquisa centra-se no estudo filológico e paleográfico de fontes musicais e na sua posterior edição crítica, com foco particular nos repertórios dos séculos XVIII e XIX. O seu projecto de tese, intitulado Práticas Pedagógicas no Ensino dos Instrumentos de Tecla no Real Seminário da Patriarcal (1713-1834), visa compreender os métodos de ensino aplicados no Real Seminário da Patriarcal, partindo de materiais didácticos como partimenti e «solfejos de acompanhar» da autoria de compositores portugueses e estrangeiros residentes em Portugal. No contexto do projecto, salienta-se a sua participação em vários workshops organizados pelo Departamento de Música Antiga da Escola Superior de Música de Lisboa, no âmbito da disciplina Laboratório de Partimento. Paralelamente, tem desenvolvido actividade como professor no Coro Santo Amaro de Oeiras, onde lecciona Piano e Formação Musical, e como compositor — em 2019, a sua peça The Flight of a Butterfly, para piano solo, obteve o segundo lugar na 10.ª Edição do Concurso Internacional de Composição para Piano Solo Fidélio, patrocinado pela Fidélio Editorial e o Taller de Músicos de Madrid.