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Seminário | Da Guerra Colonial à Independência: Ser Músico no Estado Português da Índia, Angola e Moçambique
15.12.2021 | 16:00 | Lisboa | CAN | Sala 209
O ciclo de Seminários do projecto PROFMUS - Ser Músico em Portugal: a condição socioprofissional dos músicos em Lisboa (1750-1985), financiado pela FCT (PTDC/ART-PER/32624/2017), prossegue no próximo dia 15 de Dezembro, às 16h, no Colégio Almada Negreiros (Sala 209), com apresentações de Ana Margarida Cardoso e Marco Roque de Freitas. Será também possível assistir à distância através do link: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/2204218416
A Estratégia Colonial Estadonovista no Estado Português da Índia e em Luanda a partir do espólio do músico militar Carlos Saraiva
Ana Margarida Cardoso (INET-md | UA)
As comissões militares do músico Carlos Saraiva no Estado Português da Índia (EPI) (1961-1962) e em Angola (1963-1965) constituem uma micro-história (Rice, 2003) (Guhlich, 2020) que, apesar de ter origem no percurso de um indivíduo, esclarece-nos sobre a estratégia do Estado Novo no que diz respeito a estas duas colónias, bem como a macro acontecimentos decorridos durante a Guerra Colonial. Enviado para reorganizar bandas militares nas colónias ou dirigir uma orquestra de salão e uma academia de música, Carlos acabou por se tornar num mediador em contexto de conflito. A partir do acervo pessoal do músico, da documentação em fundos como o Arquivo Histórico Militar ou a Torre do Tombo, da bibliografia e dos testemunhos da sua filha e outras pessoas com quem privou, foi possível perceber de que forma as políticas culturais estadonovistas procuraram perpetuar a ideia de soberania e de apaziguamento social nas colónias portuguesas.
Ser músico em Moçambique no último quartel do século XX: da invisibilidade à inviabilidade
Marco Roque de Freitas (INET-md | NOVA FCSH)
Esta comunicação procura refletir sobre o estatuto do músico em Moçambique no último quartel do século XX. Serão explorados diversos assuntos, entre os quais o enquadramento laboral, direitos de autor, relação entre os músicos e os empresários, as primeiras tentativas para criar uma associação de músicos, o lugar da mulher-artista na sociedade moçambicana, bem como as primeiras tentativas de internacionalização de artistas moçambicanos através da categoria de mercado "World Music". A ideia de um "artista comercial" foi publicamente recusada em prol de uma perspectiva socialista do "artista enquanto trabalhador cultural" a quem o Estado deveria proteger e garantir um salário. Este princípio, oriundo do "projecto socialista", hoje continua a ser reivindicado por muitos músicos, constituindo, deste modo, num dos mais vincados paradoxos da "construção sonora de Moçambique".