Nota Biográfica
Pedro Mendes é licenciado em Ciências Musicais pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (Universidade Nova de Lisboa) e mestre na variante de Etnomusicologia pela mesma instituição. Realizou trabalho de investigação sobre temáticas relacionadas com a prática do jazz em Portugal, tendo apresentado uma tese de mestrado sobre a fundação da escola do Hot Clube de Portugal e a sistematização de um ensino do jazz em Portugal. É doutorando do Instituto de Etnomusicologia – Música e Dança (FCSH-UNL) e membro integrante da equipa do projeto “Timbila, Makwayela e Marrabenta: um século de representação musical de Moçambique” - Concurso de Projetos de I&D (FCT); PTDC/CPC-MMU/6626/2014.
Projeto de Doutoramento
Título
Repertórios sem fronteiras: colonialismo tardio e a performance de música popular em Lourenço Marques
Orientador
Resumo
Como se relaciona a performance de canções de artistas tais como The Beatles ou Otis Redding com as dinâmicas do colonialismo tardio em Lourenço Marques? A música tem um impacto importante na organização dos espaços urbanos. Trabalhos de investigação recentes têm demonstrado que, para além de dispositivos legais e barreiras físicas, o uso e as restrições impostas sobre práticas performativas com música e dança foram importantes na criação de fronteiras psicológicas e sociais entre diferentes espaços de Lourenço Marques (atualmente Maputo), a principal cidade de Moçambique. Historicamente, o desenvolvimento de Lourenço Marques foi baseado na segregação racial. O espaço urbano foi organizado para ir ao encontro dos interesses e do modo de vida da população europeia.
Este trabalho consiste numa etnografia histórica sobre os conjuntos “pop” que tocavam no espaço urbano dentro do contexto das mudanças sociais e políticas do colonialismo tardio em Lourenço Marques. O período em que me foco vai desde a década de 1960, com o fim do estatuto do indígena e o início da guerra de libertação (1964), até à independência em 1975. O meu argumento é que, ao mesmo tempo que refletia a estrutura social da sociedade colonial governada pela ditadura portuguesa, a performance dos repertórios da música popular de circulação internacional também fomentou a emergência de uma nova geração de músicos negros e o crescimento de uma juventude com um imaginário cultural que estava para além da dicotomia colónia/metrópole.
Palavras-chave: Moçambique; Lourenço Marques; Música Popular; Colonialismo Tardio.
Financiamento: Fundação para a Ciência e a Tecnologia (SFRH/BD/121798/2016)