Notícias
Artigo | Das recolhas ao álbum como “cartão de visita”: estratégias e reinvenções na pequena edição de música popular de matriz rural em Portugal no século XXI
Este artigo pretende dar conta das transformações ocorridas na edição de música popular de matriz rural no século XXI. O autor toma em consideração a edição de música por pequenas editoras independentes e a auto-edição por músicos que optam por modos independentes, ditos do-it-yourself (DIY), de produção musical à margem do trabalho de intermediação levado a cabo por editoras e distribuidoras discográficas. Observam-se dois fenómenos fundamentais para compreender esta evolução: por um lado o da assunção de vários papéis relacionados com a produção e divulgação de música por parte dos pequenos editores e músicos em auto-edição; por outro, o do estatuto do fonograma editado e como ele é encarado pelos editores e músicos tendo em conta o decréscimo no consumo de música em suporte físico.
Este artigo aborda as práticas e valores presentes na pequena edição de música em Portugal face aos novos contextos de digitalização e desintermediação na produção de música. O nosso foco incidirá sobre um subcampo restrito de produção musical em pequena escala: o da música popular de matriz rural. Consideraremos a este respeito a edição de música por pequenas editoras independentes e a autoedição por músicos que optam por modelos ditos do-it-yourself (DIY) de produção musical à margem do trabalho de intermediação levado a cabo por editoras e distribuidoras discográficas. A nossa análise será informada, em diálogo crítico constante e sustentado, pelas noções de campo de produção cultural proposta por Bourdieu (1983), de mundos artísticos de Becker (1974), bem como por estudos diversos e recentes em torno dos modos DIY de produção de música (Bennett 2018, Guerra 2018, Haenfler 2018, Haynes & Marshall 2018, Tarassi 2018, Threadgold 2018, Schmidt 2019, Jones 2021).