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SEMINÁRIO PERMANENTE DO GRUPO DE INVESTIGAÇÃO ETNOMUSICOLOGIA E ESTUDOS EM MÚSICA POPULAR
25.06.2025 | 15h00 | NOVA FCSH, Av. de Berna, Torre B (Lisboa) | Sala B304 | Sala Zoom 
Entrada livre, presencial e online.
 
 
Expressão viva da dimensão espacial da memória através de práticas artísticas, carnavalescas e rituais na região portuária do Rio de Janeiro
 
 

Laurine Sézérat | PPGSA/IFCS-UFRJ

 
O antigo porto do Rio de Janeiro é considerado como um dos maiores portos negreiros do século XIX. No entanto, durante décadas, essa região não apresentava praticamente nenhum vestígio arquitetônico, espacial e paisagístico de seu passado colonial escravista. A ausência desses vestígios estava ligada não somente às aspirações de modernidade urbana, como também à ideologia da "democracia racial" no Brasil, que pode ser comparada a uma política de apagamento ou esquecimento. Entretanto, com o projeto de renovação urbana Porto Maravilha, lançado em 2009, a prefeitura do Rio de Janeiro desejou desenvolver novas atividades econômicas e criar um novo imaginário atrativo em torno da região portuária da cidade. Nessa perspectiva, a patrimonialização de diferentes sítios históricos e vestígios arqueológicos ligados ao passado escravista permitiu distinguir simbolicamente o território e desenvolver seu potencial turístico. Embora essas medidas não tenham induzido uma verdadeira política pública de memória, elas permitiram dar visibilidade a diferentes práticas (participativas ou não) no espaço público que encarnam "memórias vivas". Essas práticas são artísticas, carnavalescas ou rituais e participam da elaboração de narrativas e imaginários que performam a memória do espaço urbano. Supõe-se que, por trás dessas práticas, se expressa um discurso memorial do espaço, ao exigir o reconhecimento (ou até mesmo a reparação) do passado do território. Assim tratar-se de questionar como a ancoragem espacial dessas práticas contribui para definir arenas memoriais e políticas no espaço público, ao fazer convergir "direito à memória" e "direito à cidade".
 

 
Laurine Sézérat |  Pós-doutoranda pelo Programa de Sociologia e Antropologia no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, membro do núcleo de pesquisa NESP (Espaço, Simbolismo e Poder, IFCS) no Rio de Janeiro. Doutora em urbanismo (IPPUR-UFRJ e LAVUE-Paris 8), com o Prêmio de Melhor Tese Europeia sobre o Brasil 2021 - ABRE, desenvolve projetos entre o Brasil e a França desde 2014, em três campos de pesquisa interdependentes, considerados no contexto da cidade neoliberal: (i) as contestações da renovação urbana (mobilizações cidadãs, informalidade política, lutas pelo reconhecimento); (ii) as práticas festivas e culturais no espaço público (artivismo, Carnaval); e (iii) o habitar (espaço vivido, vida cotidiana, memória).