• Dança 5
Menu
20.05.2024 | 14h30 | Colégio Almada Negreiros, Campus de Campolide da NOVA FCSH | 2.º Piso - Auditório 223 

 

 

A 20 de maio, 2024, pelas 14h30, decorrem as provas de doutoramento em Ciências Musicais - Especialidade de Ciências Musicais Históricas do Mestre Fernando Miguel Jalôto, que defenderá a sua dissertação com o título Antonio Tedeschi (1702-1770): «Doutíssimo Professor Músico de Sua Majestade». Percurso biográfico, perfil artístico, estudo e análise da obra, tendo como principais arguentes a Prof.ª Doutora Judith Ortega Rodriguez e o Prof. Doutor João Pedro d'Alvarenga.
 

 

Júri das provas de doutoramento:
 
 
 
Antonio Tedeschi (1702-1770): «Doutíssimo Professor Músico de Sua Majestade». Percurso biográfico, perfil artístico, estudo e análise da obra
 
António Tedeschi (Villa di Briano, Aversa 1702 – Lisboa, 1770) foi um padre napolitano contratado para a Capela Real e Patriarcal de D. João V em 1733. Ao serviço desta instituição exerceu as funções de cantor e de compositor. Logo após a sua chegada a Portugal integrou a Academia dos Aplicados, publicando várias poesias neo-latinas e italianas. Ocupou-se também na adaptação de libretos operáticos importados de Viena, a pedido da rainha D. Maria Ana de Habsburgo, bem como à criação de poesias dramáticas originais, musicadas pelo compositor Francisco António de Almeida em frutuosa colaboração. Após o Terramoto de 1755 incorporou o restrito número de músicos adstrito à Capela Real da Ajuda, para a qual terá escrito a maioria das suas composições. A obra musical sobrevivente inclui oitenta e duas composições, todas elas vocais, sacras, e com acompanhamento de órgão/baixo contínuo. Encontram-se preservadas na sua maioria no Arquivo da Sé de Lisboa, mas várias outras conservam-se em diversas bibliotecas e arquivos nacionais e até italianos. Tedeschi deixou obras em quase todos os géneros litúrgicos praticados no seu tempo, e nos principais estilos compositivos empregues na Capela Real portuguesa, com particular destaque para o estilo concertado. Tedeschi mereceu o reconhecimento dos seus contemporâneos, como o teórico Francisco Inácio Solano, e várias das suas obras foram usadas no Seminário da Patriarcal. Algumas composições sobrevivem em múltiplas fontes e mantiveram-se no repertório até meados do século XIX, na Sé de Lisboa e no círculo dos Condes de Redondo. Contudo a memória do compositor e libretista acabou por se desvanecer no século XX, sendo esta dissertação o primeiro trabalho académico que lhe é exclusivamente dedicado. Encontra-se dividida em três partes: a primeira esboça a sua biografia; a segunda inventaria e descreve as fontes musicais; e a terceira constitui uma análise descritiva da obra, dando-se prioridade à relação texto-música na óptica da Retórica Musical. Acompanham-na como anexos uma edição de trabalho (não crítica) da obra musical e a transcrição da documentação de arquivo mais relevante. Este trabalho revela Tedeschi como um artista competente, que domina o seu métier com segurança e inventividade, através de uma abordagem à composição coerente e meticulosa, particularmente atenta à relação do texto com a música. Manuseia com desenvoltura um rico vocabulário harmónico, melódico e retórico. A carreira de Tedeschi providencia um bom exemplo do intenso intercâmbio cultural e artístico entre Portugal e Itália ao longo de grande parte do século XVIII, e sublinha o papel colaborativo deste processo entre figuras até aqui algo negligenciadas, sejam elas de proa, como a rainha D. Maria Ana, ou actores  secundários, mas não menos essenciais, como este autor. Esta dissertação é assim um estudo de caso, que procura descrever e perceber como um particular indivíduo pôde contribuir activamente, e em várias frentes, para o estabelecimento em Portugal de um inovador modelo artístico de matriz italiana e, sobretudo, romana, de acordo com as ambições políticas e ideias estéticos do rei D. João V, e que inaugurou um novo capítulo na vida cultural portuguesa. 
 
Palavras-chave: Século XVIII; Música Sacra; Música Portuguesa; Música Napolitana; Capela Real e Patriarcal; Libretos de Ópera; Antonio Tedeschi; D. João V; D. José I.

 

 

 

Orientação: Ruy Vieira Nery