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Neste seminário vou apresentar o trabalho realizado no âmbito do projecto de pós-doutoramento, que teve por objectivo compreender as práticas musicais na tensão progressiva entre a política de possibilidades dos agentes locais, empenhados na valorização e salvaguarda dos bens culturais das suas comunidades, e o projecto político neoliberal de mercantilização da cultura.  Na linha de Jacques Attali, a música é “essencialmente política [porque] toda a música, qualquer organização sonora é […] uma ferramenta para a criação ou consolidação de uma comunidade” (BENNETT, 2009, p. 53). Portanto, a música é um instrumento para a construção de identidades, um veículo para a transmissão de sentido e de ações que “derivam a sua significação através da afirmação identitária que aportam; conectados a histórias que situam as pessoas no tempo e no espaço” (SHAPIRO, 1999, p. 59). Nesta perspectiva, parti das inquietações do presente para interrogar as relações entre a história, a memória e as práticas musicais que ao longo do tempo conformaram a identidade cultural raiana. Para posteriormente me debruçar sobre as transformações da sociedade rural desde a Revolução de Abril até ao presente, entrelaçando as políticas de salvaguarda do património cultural na produção e transmissão de imaginários culturais, com um conjunto de práticas musicais e performativas que reforçam o sentido do comum e estimulam a criatividade social. Neste sentido, estruturei o projecto em torno de dois eixos centrais: o primeiro focalizado em contextos festivos, cíclicos e quotidianos e o segundo nas políticas de patrimonialização, analisando o papel dos agentes envolvidos na construção de identidades locais e regionais. Ao longo do trabalho de investigação desenvolvi um conjunto de iniciativas que envolveram diversas entidades, associações culturais e colectivos. A par da divulgação parcial dos resultados em publicações, comunicações e plataformas informáticas: http://culturaexpressiva.wordpress.com/ ,  que permitiram aos grupos musicais e às comunidades partilharem e reflectirem sobre as suas experiências e realidades.