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21 de Novembro de 2019 | 18:00-20:00 | Campus de Campolide | Colégio Almada Negreiros | Sala SE2
 
 
 
 
Deborah Kapchan | New York University
 
 
 
 
Qual o papel da escuta no sublime? Como testemunhamos o sublime e com que fim? Como a escuta do "sublime islâmico" fornece lições políticas para a etnografia e estudos académicos responsáveis? Desde o início da minha investigação sobre o sufismo muçulmano sunita na França, em 2008, testemunhei níveis crescentes de ansiedade entre cidadãos franceses seculares e muçulmanos. Ao contrário de muitos muçulmanos ortodoxos, os sufistas adoram com música e têm uma prática de escuta profunda (sama'). Os ataques de Charlie Hebdo, enquanto actos de assassinato e fanatismo, provocaram mais uma vez debates sobre a divisão secular / sagrada: a viralização do anti-clericalismo encontrou discursos de democracia, liberdade de expressão versus liberdade de prática religiosa, 1789-99 versus 1968 versus 2015. Menciono esses eventos, primeiro porque é impossível não referenciá-los ao investigar qualquer forma de islamismo na Europa contemporânea e, segundo, porque realizar o que poderia ser chamado de 'sublime sufista' não é um domínio apolítico da experiência mística, como muitos sufistas gostariam de acreditar. Em vez disso, sugiro que o sublime faça o trabalho que muitas outras expressões estéticas após a modernidade fazem: desloca o humano do centro da experiência, colocando os modos de ser antes dos modos de conhecer e encenar intimações inesperadas, que confundem a compreensão racional, insistindo na pedagogia estética, à qual podemos nos referir como 'estar com o paradoxo'. Nesta apresentação, descrevo como as práticas de escuta de sufistas que viajam entre Marrocos e França e como a escuta se torna uma ferramenta activa de transformação sóciopolítica. Faço-o examinando o que chamo de "estética da proximidade" - graus de proximidade espaço-temporal e proximidade espaço-táctil entre sons e corpos.
 
 
 
 

Deborah Kapchan é professora de Performance Studies na New York University. Com bolsa de Guggenheim, é autora de Gender on the Market: Moroccan Women and the Revoicing of Tradition (1996 Univ. of Pennsylvania Press), Traveling Spirit Masters: Moroccan Music and Trance in the Global Marketplace (2007 Wesleyan University Press), bem como numerosos artigos sobre som, narrativa e poética. Traduziu e editou um volume intitulado Poetic Justice: An Anthology of Moroccan Contemporary Poetry (in press University of Texas Center for Middle Eastern Studies) e editou dois recentes trabalhos:  Intangible Rights: Cultural Heritage in Transit (2014 University of Pennsylvania Press) e Theorizing Sound Writing (2017 Wesleyan University Press). She was also the editor (with Pauline Strong) of a special issue of the Journal of American Folklore, entitled Theorizing the Hybrid (1999). De momentos encontra-se a redigir dois livros:  The Aesthetics of Proximity e Between Morocco and France: The Festive Sacred and the Islamic Sublime. Também está a escrever um livros de memórias sonoras entitulado Listening Methods.