• Disco2
Menu
NOVAS DATAS: 23-24.06.2021 | Lisboa | NOVA FCSH
 
 
 
 
Dentro do domínio de estudos de música popular pouca atenção tem sido dada aos impactos da edição independente de música fora do contexto anglo-saxónico, particularmente na produção, disseminação e consumo de música em países semi-periféricos como Portugal. Por outro lado, quando o âmbito da reflexão ao redor da temática da edição discográfica ultrapassa o contexto anglo-saxónico, tem sido privilegiado o estudo das editoras multinacionais em detrimento das pequenas estruturas editoriais de âmbito local/nacional que operam fora do jugo dessas grandes editorias e/ou de grupos mediáticos de alcance transnacional. Partindo de discussões mais amplas acerca da relação entre o local e o global na produção de música, este colóquio propõe uma discussão sobre o impacto da edição independente de música com um enfoque particular no contexto Português e em contextos que de modo semelhante se localizam fora dos centros de produção. Tomaremos como ponto de partida algumas características reconhecidas (ainda que abertas a escrutínio) das editoras independentes no campo de produção musical: a divulgação e valorização de músicas e artistas locais em contraponto à hegemonia dos artistas e géneros globais (maioritariamente anglo-saxónicos) editados pelas multinacionais; a valorização de dimensões estéticas e artísticas da produção musical em detrimento do potencial comercial da música; as formas de organização e de trabalho inovadoras e adaptáveis aos contextos de transformação do sector discográfico, em particular no novo milénio. Trata-se de um colóquio inter e multidisciplinar aceitando-se propostas em disciplinas como a musicologia, a etnomusicologia, a sociologia, a antropologia e a história, entre outras. Contamos igualmente estabelecer um diálogo entre a academia e o sector discográfico com a presença e participação de editores independentes.
 
 
Os subtemas que propomos são:
1. Edição independente e a disseminação de géneros e estilos musicais
Um dos impactos mais reconhecidos das editoras independentes tem sido o de dar a conhecer práticas e estilos musicais locais marginais e 'alternativos' em relação a um 'mainstream' promovido e sustentado pelas editoras multinacionais. Com este subtema pretendemos reflectir sobre o impacto do papel assumido por estas estruturas editoriais: nos estilos, artistas e práticas musicais que ganham exposição com o trabalho dessas editoras; e no modo como a sua gravação e disseminação transforma estes estilos e práticas musicais.

2. Novas práticas organizacionais na edição independente de música
As editoras independentes tendem a ser em termos organizacionais estruturas simples e flexíveis caracterizadas pela proximidade e rápida articulação entre os diversos agentes, cuja capacidade de reação às mudanças de gosto e ao surgimento de novos estilos e cenas musicais as coloca muitas vezes numa situação de 'vantagem' sobre as multinacionais. Recentemente o interesse pelo seu estudo tem sido reavivado pela surgimento das novas formas de distribuição digital desenvolvidas e intensificadas no novo milénio, e pelo seu impacto no surgimento de pequenas estruturas de edição e distribuição de música. Como se organizam as editoras independentes no novo milénio? Como é que as transformações tecnológicas associadas a fenómenos de desintermediação na distribuição de música enformam as práticas organizativas dentro dessas estruturas?

3. Relação com outras estruturas dentro das indústrias da música
Não obstante o atributo de independentes, as pequenas estruturas editoriais locais não actuam sozinhas ou são completamente estanques em relação a outros sectores dentro de um campo de produção musical. Importantes relações sinergéticas se estabelecem com outros sectores como o da produção e agenciamento de espectáculos, a distribuição de música e, crucialmente, com os meios de comunicação, entre outros. Que estratégias são desenvolvidas pelas editoras na relação com essas estruturas? Quais os aspectos estruturantes nessas relações sinergéticas?

4. A edição independente de música em contexto Português: do Estado Novo ao Novo Milénio
Desde meados do século passado, com as editoras Orfeu/Arnaldo Trindade e Rádio Triunfo, até tempos recentes, com um número inestimável de micro-editoras a comporem o campo de produção musical, a edição local e independente de música tem assumido um papel estruturante na produção discográfica em Portugal. Com este subtema pretendemos um enfoque na história da edição independente de música em Portugal seja por uma abordagem diacrónica das mudanças ocorridas neste subcampo de produção musical, seja pela análise particular de casos históricos. Reflexões em torno da noção de independência no contexto musical português são também importantes para este subtema.

5. Valores e ideologias na edição independente
Um dos aspectos mais em foco e debatidos quando abordamos as editoras independentes diz respeito ao facto de estas estarem ancoradas em ideologias e valores bem distintos, tanto a nível estético como profissional, daqueles que encontramos nas editoras multinacionais. Noções de criatividade, inovação e valor estético são frequentemente colocadas em contraponto ao comercialismo e conservadorismo que supostamente caracteriza a indústria fonográfica. Como é que essas noções são articuladas discursivamente e postas em prática profissionalmente por essas editoras? Que outros valores emergem quando abordamos diferentes estudos de caso dentro da edição independente de música?
 
 
Convidamos propostas de até 300 palavras em um destes tópicos. As propostas devem vir com um título, um autor (ou mais, se for co-autor) e filiação institucional e devem incluir a metodologia usada, os objetivos da investigação e resumir o contexto e o argumento principal da comunicação. As propostas devem ser enviadas até 15 de Janeiro de 2021 para o seguinte endereço de e-mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
 
 
 
Orador convidado:
Prof. David Hesmondhalgh (School of Media and Communication, University of Leeds)
 
Comissão organizadora:
 
Projecto:
(PTDC/ART-OUT/32320/2017)
 
Organização: